Onda de manifestações iniciada na última semana espalhou-se rapidamente. Sudaneses pedem renúncia do Presidente Omar al-Bashir que promete reprimir "traidores”. Manifestantes foram mortos e vários opositores presos.Os protestos, desencadeados pelo acentuado aumento no preço do pão - um alimento básico para a maioria dos sudaneses - também estarão relacionados à falta de comida e combustível. Entretanto, Khansaa Al Kaarib, advogada e ativista dos direitos humanos sudanesa baseada em Londres, tem uma opinião diferente. Para ela, a crise económica não foi o principal motivo que levou aos recentes protestos, mas sim a insatisfação de longa data com o Governo de Al-Bashir. "Esta onda de grandes manifestações no Sudão não aconteceu apenas por causa da crise económica, que é apenas um entre os muitos motivos destas manifestações que de repente espalharam-se pelo país," argumenta. "A razão que leva os sudaneses a protestar é a destituição do regime. Sempre foi para que o regime demita-se. E foi por este motivo que as manifestações começaram", defende. Na passada terça-feira (25.12), uma manifestação convocada por organizações profissionais e partidos da oposição terminou em violência na capital, Cartum. A polícia usou gás lacrimogêneo e disparou tiros para dispersar milhares de pessoas que tentavam marchar até o palácio presidencial para exigir a renúncia de Omar al-Bashir Cidadãos também têm veiculado na internet imagens dos violentos confrontos. Desde que a agitação começou, na última semana, autoridades declararam estados de emergência e toques de recolher em vários estados para impor a ordem. Mortos, feridos e presos O Governo do Sudão anunciou, nesta quarta-feira (26.12), que 17 pessoas morreram durante os protestos, além de 88 feridos e 519 detidos. Já a Amnistia Internacional disse na passada terça-feira que pelo menos 37 pessoas haviam sido mortas. O alto oficial do Governo do Presidente al-Bashir, Idris Suleman, pediu uma investigação sobre os assassinatos de manifestantes nos recentes protestos que abalam o país. "Condenamos o assassinato e pedimos ao Governo que realize uma investigação. O sangue para nós não deve ser derramado", declarou. O Presidente do Sudão, Omar al-Bashir, chegou ao poder depois de se unir aos islamistas no golpe militar de 1989 derrubando o então Governo eleito. Em sua primeira aparição pública desde o início dos protestos, al-Bashir criticou os manifestantes, classificando-os como "traidores e sabotadores", e não poupou críticas ao Ocidente. "Como vocês sabem, somos um país sob bloqueio. O Ocidente está a se aproveitar. Eles não querem que avancemos, simplesmente porque nós recusamos [as condições impostas por eles]. Mas nós ficaremos de joelhos somente perante Deus", disparou. Al-Bashir, prometeu ainda "reformas reais para garantir uma vida decente para os cidadãos".
Comentarios